Série:
Redações
O
Livro dos Espíritos
Autor do livro: Allan Kardec
Autor do livro: Allan Kardec
Capítulo
III: Da Criação
Se nós somos os observadores do universo,
Deus seria o Observador por excelência. Poderia a organização molecular da água
transformar-se pela ação das palavras?
Para o japonês Masaru Emoto, sim, apesar dos seus inúmeros críticos! Seguindo
adiante, “pratrasmente”, encontramos Zeno, o filósofo grego de Eleia, o
filósofo dos paradoxos(c.500-f.c.450). E daí? E daí que, em 1977, dois físicos
indianos, Misra e Sudarshan, ao estudarem sobre a inibição da transição entre
autoestados de um átomo devido às medições frequentes, batizaram o fenômeno de
Efeito Zeno Quântico. Ahn? O quê? Como? Por trás desses nomes complicados,
reside uma possibilidade perturbadora: o observador afeta o objeto observado? A
intenção e a vontade funcionariam como agentes em si? Nesses estudos dos
indianos, o movimento das partículas subatômicas cessava (congelava) no momento
em que eram medidas/observadas. Por quê? Caso essa conclusão seja provada, as
palavras do Gênese passam a fazer um assombroso sentido, pois Deus teria criado
o universo a partir da Sua Vontade, da Sua Palavra.
Segundo O Livro dos Espíritos, o
chamado fluído cósmico universal, tratado no texto anterior, constituiria o
elemento fundamental, do qual teria sido formada a matéria pesada, do mesmo
modo que as moléculas orgânicas. Talvez o fluído verse sobre as águas
primordiais do primeiro livro bíblico. A matéria pesada gradualmente foi
condensando-se para formar todos os corpos celestes, enquanto as moléculas
orgânicas aguardavam as condições propícias ao desabrochar da vida, no início
em estado latente. Devido às inúmeras composições químicas, peculiares de cada
globo, a vida desenvolveu-se adaptada às mais distintas circunstâncias, fato
esse, vislumbrado, na própria Terra. Terra que, do ponto de vista espiritista,
ocupa um lugar periférico no concerto universal.
Todos os mundos são habitados, declararam os
espíritos, contudo, essa habitação não se dá, forçosamente, na dimensão física,
terrena. Muitos mundos seriam estéreis em nossa dimensão e, por isso, seria
inútil vasculharmos com nossos instrumentos obtusos. Deus não fez nada inútil.
Planetas e estrelas desempenham um papel muito mais importante que recrearem as
nossas vistas terráqueas, vistas estas, tão antolhadas. Muitos de nós ainda
continuamos presos às alegorias bíblicas, fundadas em tradições culturais castradoras
do pensamento.
E de onde teríamos vindo? Em estado
latente, tais quais todas as espécies do universo, nossos corpos ou ao menos
seus menores componentes repousavam no fluído cósmico, até emergirem no momento
propício. Somos poeira das estrelas, dizem nossos cientistas atuais. As
moléculas e átomos presentes em nossos corpos foram gestados no interior de
estrelas, hoje mortas, porém vivas em nós. Seguindo o racismo científico,
oitocentista, o livro utiliza o termo raças para qualificar os tipos humanos,
elencando o clima e a geografia como causas dessas diferenças, sem, contudo,
desqualificar nenhuma raça “a priori”, por motivos de cor, pertencendo todas as
raças à mesma espécie humana. Kardec, entretanto, faz comentários, nitidamente
racistas, atestando sua ignorância acerca do continente africano, reputado,
segundo ele, como a terra de selvagens inferiores. Para quem acredita na
veracidade das psicografias, vale a pena comparar as respostas dos espíritos
com os comentários do Codificador, sempre tendo em mente a não onisciência dos
espíritos.
Contrastando com as teorias
hegemônicas atualmente (monogenismo), o Livro dos Espíritos advoga pelo
poligenismo, ou seja, o homem teria surgido em várias épocas e lugares
distintos e não unicamente na África, para de lá espalhar-se pelo mundo. Ainda
assim, caso se considere esse homem, enquanto “homo sapiens”, desconsiderando
os hominídeos anteriores, talvez seja possível uma conciliação de visões. Mas
são apenas especulações, em meio a um terreno tão nebuloso quanto as eras
anteriores ao Neolítico. É prudente esperarmos por mais descobertas científicas,
se quisermos elucidar essa história imemorial.
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