sexta-feira, 28 de julho de 2017

Práxis Docente




Olá galerinha suja de giz ou de pilotos coloridos...


     Durante um longo tempo, a Didática foi formulada e compreendida em seu aspecto meramente técnico, metodológico. Diversos autores remetem a Comenius (1592-1670), a fim de referenciar o nascimento da Pedagogia moderna assim como suas prescrições didáticas. Desde então, a Pedagogia sofreu inúmeras transformações em torno de suas concepções, sendo inundada, destacadamente nos séculos XIX e XX, pelas contribuições de outras ciências aparentadas, tais quais a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, a Antropologia e a História.
        De que maneira esses conhecimentos acumulados/ressignificados refletiram-se nas salas de aula? Como os professores se apropriaram dessas reflexões e produziram a partir ou à revelia delas? As pesquisas sobre os currículos formativos dos docentes evidenciam a desvalorização da Pedagogia, em face dos conteúdos disciplinares específicos, além de uma comunicação precária dessas duas grandes áreas do conhecimento. Do mesmo modo, a formação dos pedagogos está marcada por uma excessiva teorização dissociada da prática, inviabilizando uma práxis pedagógica. Mais que isso, a Didática, núcleo da Pedagogia, foi desfocada de sua dimensão teórica.
         A partir desses diagnósticos, buscou-se e tem-se buscado, uma visão integradora, mais holística e menos dicotômica, dos fenômenos educativos, das disciplinas de ensino, dos currículos, das práticas embasadas nas teorias e das teorias construídas a partir das práticas. Mesmo assim, no atual cenário educacional brasileiro, persistem as formas tradicionais de atuação em sala de aula e as compartimentalizações do conhecimento, seja em âmbito escolar básico, seja em âmbito universitário.
          Quando investigamos sobre a Didática praticada, percebemos o reino de um empirismo pragmático, às vezes, associado a conhecimentos pedagógicos difusos e imprecisos, constituindo uma verdadeira salada conceitual. No fundo dessa problemática, está a descrença na necessidade e/ou eficácia desses conhecimentos pedagógicos. Também existe a certeza ou quase certeza de que basta o domínio dos conteúdos disciplinares para bem lecionar.
         A força da tradição, o poder do exemplo, enraizado e internalizado na mentalidade docente vinculado ao descaso/despreparo das autoridades públicas com a educação, criou um verdadeiro ciclo vicioso que dificulta a introdução de mudanças significativas. A síndrome de “Gabriela Cravo e Canela” na educação: os professores foram educados assim e seguem educando da mesma forma. As instituições escolares enraizaram rotinas que resistem, muitas vezes de maneira hostil, aos elementos promotores de mudanças.
         Tradição, contudo, também é vida, é viva. Não podemos nos ater, simplesmente, ao aspecto imobilista das tradições. Elas forjam dinâmicas próprias, modos de ser, de fazer e é exatamente aí que se encontra um tesouro difuso, dissimulado por naturalizações que impedem de vê-las como realmente são: práticas sociais, construções sociais, historicamente referenciadas. Reconhecer esse fato é o primeiro passo para uma atitude reflexiva, investigativa. É o primeiro passo para tornar a prática educativa um objeto de estudo.
         Libâneo, fundamentado em Davidov, advoga pela integração entre a Didática e a epistemologia das disciplinas, considerando cada uma delas como membros amputados, se estiverem dissociadas. A Didática envolveria um campo de estudos e não simples prescrições pedagógicas. A construção de uma teoria, a partir do ato de ensinar, deve incidir sobre esse ensinar e reelaborar a própria teoria, num processo contínuo, ascendente e dialético.
        Uma forma de possibilitar essa investigação do ato docente, segundo Libâneo, seria o registro contínuo das atividades docentes, dos modus operandi de professores e instituições, os porquês, os como(s), os o quê, as finalidades etc.; o registro de como aquele ensinar é constituído seguido de uma reflexão sobre essa constituição. Desse modo, a Didática passa a ocupar um novo patamar no circuito das discussões sobre educação; um patamar central, tornando os professores protagonistas do processo investigativo, sujeitos do conhecimento produzido e aplicado por eles próprios. Não seriam os professores (nomeadamente do ensino básico) meros receptores passivos que têm suas experiências empíricas olvidadas pelas pretensões de especialistas, por vezes, desconhecedores da realidade concreta das salas de aula.

          

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Ingênuas Vontades




Olá galerinha questionadora, formular perguntas pode ser tão importante quanto elaborar respostas...


     A partir do diagnóstico da realidade educacional brasileira feita pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação na década de 1930, inflamados pelo chamado entusiasmo pela educação, crentes na inexorabilidade do progresso, poderíamos identificar as principais causas de seu fracasso, de suas limitações, de sua talvez, ingenuidade?



     1930. Revolução? Golpe? Palavras que ressoaram, tanto quanto ecoaram na história  tortuosa do Brasil. Um período entre guerras, de cicatrizes abertas pelo globo. Um período de dissolução do jogo de forças tradicionais brasileiras, instaurado pela Primeira República, denominada, posteriormente, de República Velha. Apesar dos efeitos da Grande Guerra, as nações ainda disputavam uma corrida febril, a fim de alcançarem o pódio de primeiro lugar em matéria de civilização. Indústrias, tecnologias, armamentos e, claro, educação. A educação apresentava-se sedutora como uma nova panaceia universal. Ignorância, a raiz da barbárie, a raiz de todos os males. Educação, a cura!
      Em 1930, a locomotiva cafeeira estava seriamente avariada, apesar de todos os remendos estatais, de todos os empurrõezinhos da mão semi-invisível do mercado paulista acoplada à fortaleza governamental federal. Nesse terreno extremamente acidentado, foi plantada a semente das muitas promessas feitas pelo Manifesto dos  Pioneiros da Educação. Uma renovação do Estado não podia prescindir de uma renovação daquele sistema educativo, fragmentado, desorganizado, ineficaz, no dizer dos intelectuais manifestantes:

     (...) todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do país. Tudo fragmentário e desarticulado. (O Manifesto dos Pioneiros da Educação, 1932)

      O raio X dos pioneiros logrou apontar uma série de entraves para o desenvolvimento do país, focando através da lente educacional:

     Em lugar dessas reformas parciais, que se sucederam, na sua quase totalidade, na estreiteza crônica de tentativas empíricas (O Manifesto dos Pioneiros da Educação, 1932)

      A escola tradicional, instalada para uma concepção burguesa, vinha mantendo o indivíduo na sua autonomia isolada e estéril, resultante da doutrina do individualismo libertário, que teve, aliás, o seu papel na formação das democracias e sem cujo assalto não se teriam quebrado os quadros rígidos da vida social. (O Manifesto dos Pioneiros da Educação, 1932)

      A obrigatoriedade que, por falta de escolas, ainda não passou do papel, nem em relação ao ensino primário (...) ‘na sociedade moderna em que o industrialismo e o desejo de exploração humana sacrificam e violentam a criança e o jovem’, cuja educação é frequentemente impedida ou mutilada pela ignorância dos pais ou responsáveis e pelas contingências econômicas. (O Manifesto dos Pioneiros da Educação, 1932)

       É interessante notar o caráter reformista desse movimento renovador o qual pensava a educação enquanto boa alternativa aos processos revolucionários; uma mudança lenta e gradual da sociedade fundada nas instituições escolares. Vale salientar a crença na força individual, ainda que tivessem um horizonte solidário e cooperativo em suas concepções de homem moderno. Professores e familiares foram criticados devido a seu despreparo pedagógico somado às condições precárias vivenciadas, fator inviabilizante da utilização dos recursos didáticos mais sofisticados. Não menos importante percebe-se, nas entrelinhas, uma crítica ao liberalismo tal qual foi montado no Ocidente, assim como ao aparelhamento estatal pelas elites agrárias brasileiras, tudo isso sem sair completamente do paradigma liberal, iluminista e republicano. Apesar de tudo, sua visão linear da História enraizava uma fé num progresso inelutável facultado pelas luzes da Escola.

        A fé de que falamos sofreu um abalo explosivo, durante e após a Segunda Guerra Mundial: o ápice da tecnologia humana aplicado da maneira mais bárbara possível; a quebra da linearidade, a profunda desilusão, o medo. Mesmo antes disso, a montagem de um Estado ditatorial com pretensões modernizantes foi suficiente para sufocar, ao menos em parte, essa onda renovadora. Muitas ideias presentes no Manifesto ainda são atuais, atraentes e, por vezes, precisas em suas críticas: a educação para vida; a formação do cidadão pensante; o professor de alta qualificação; a valorização do trabalho, do espaço fora da sala de aula etc. Contudo ainda arranham a superfície do problema. Subestimaram o peso das estruturas político-econômico-culturais. Esse peso esmagou seus ingênuos, porém genuínos sonhos. Sonhos, ideias vêm e vão ao sabor dos tempos, sempre à espera das novas mentes, prontas para lhes dar novas-velhas formas e cores. A vida é dinâmica e nisso, sem dúvida, eles acertaram e são atuais. Resta à Escola escolher entre o dinamismo da vida ou ficar para trás.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Manipulações Ingênuas: Persona VS Personagem






Inspirado na série House of Cards

Olá galerinha do mal, leiam as entrelinhas se puderem...

     Sabe qual era meu grande sonho? Sabe? Ser escritor, contar estórias, criar personagens, cenários, mentalidades, complexidades, enredos. Ser capaz de encantar, prender a atenção do leitor até o último ato. E desde que entrei no mundo virtual criei uma espécie de vício, "one addiction" como preferem os americanos. Entende? A Internet, as telas de computadores, celulares e tablets, as infinitas possibilidades. Podemos ser quem quisermos, criar qualquer personagem ao gosto ou desgosto do freguês. Mas a melhor parte é a análise, a análise dos discursos,  das narrativas, de cada palavra. As contradições, as entrelinhas, os valores.
     Sou uma mente analítica. Está me acompanhando? Adoro dar cordas e mais cordas, analisar a capacidade criativa de cada um, cada gesto, cada passo... e quando aquele personagem sai do papel, sai da tela? Ganha vida cara a cara, então tudo fica mais interessante. São olhares, falas, entonações, toda uma linguagem corporal. E fica ainda mais interessante quando incorporamos e comparamos com as redes sociais, cada postagem.
      As pessoas ingenuamente fazem o possível para publicizar a melhor imagem de si, no entanto, um olhar apurado é capaz de detectar facilmente cada nuance daquelas narrativas imagéticas: algumas delas propositais, outras auto ilusórias. A visão de mundo, linhas de pensamento e ao conhecer ao vivo, êxtase! Por exemplo; personas falando de Deus, amor, bons dias irmãos em Cristo, namastês, muita luz, luz, luz, toda essa cantilena religiosista de cunho publicitário: discursos com sólidas bases materialistas/narcisistas, travestidos de uma pretensa espiritualidade. Exceções? Felizmente sempre!
      A corda vai se prolongando, formando teias, redes... até onde essa persona será capaz de ir? Cada contradição, a capacidade de criar enredos sedutores, persuasivos e envolventes. Pessoas inteligentes são fascinantes, não acha? Inteligências sobrepostas, o próprio nirvana dos jogadores! Mesmo quando um deles usa sua inteligência para os objetivos mais torpes, mais mesquinhos, algo um tanto paradoxal. A persona foi tão longe, tão desafiadora... boa jogadora e eu adoro jogar... atingir sensibilidades, imaginar reações, antecipar os passos. A capacidade de se recompor diante da exposição nua e crua. Digna de aplausos se não fosse triste. Sabe?
      Conversei, interagi com todo tipo de persona que você possa imaginar, das melhores aos piores. Se bem que as melhores podemos considerar almas, gente, não é? Seja aqui ou no exterior. Todavia, essa persona... especialmente intrigante. Analisar cada postagem, comparar com cada conversa. Agora vou ensinar uma coisa, talvez inútil, enquanto personagens encobrem sua face, mas quem sabe um dia. Existem duas possibilidades na vida. Trabalhar para Luz e ser livre ou para as Trevas e ser escravo. Lembrando que o melhor escravo é aquele que se considera livre. Agora vou ensinar sobre perdão. Personas não sabem o que fazem, mesmo sabendo muito bem como fazer. Não se percebem as maiores vítimas das teias que tecem. Não percebem as cordas prolongando-se propositais.

     Perdoar é a capacidade de desvencilhar-se de toda negatividade direcionada a alguém. Não significa convivência, nem amizade. Personas perigosas, trevosas devem continuar sendo evitadas, questão de sobrevivência até. Mas a alma deixa de sentir qualquer mágoa,  raiva ou sentimento do tipo em relação aquele pobre ego, desejando sinceramente que um dia ele mude, melhore, evolua. A evolução pode levar séculos,  milênios, porém um dia acontece. Pobre ego ferido em seu maior valor, Orgulho, Poder! Rezo para a rápida evolução de todos,  afinal deixar de evoluir é adiar a própria felicidade.  E quem não quer ser feliz? Adeus pequena persona, obrigado por me dar essa belíssima oportunidade de tecer as considerações finais sobre todo esse processo avaliativo... Sinceramente, desejo muitas melhoras pra você em muitos sentidos que talvez seus obtusos sentidos ainda não alcancem... aaah e considere deixar um like por esse frutuoso trabalho!

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Contribuir/Doar

Olá galerinha generosa e simpática...


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Site aNima AniMuS!



Galera, fico muito animado ao apresentar meu novo Site! Espero que possam curtir e divulgar! Muito Agradecido!
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