sábado, 27 de maio de 2017

Muitas Vidas em um Vida só


24∕05∕2017
Série: Redações
O Livro dos Espíritos
Autor do livro: Allan Kardec
Cap IV: Pluralidade de Existências

Olá galerinha do bem, do mal, do bem bom, mau mau e tudo e tal...

    Quantos “eus” habitam em nós? Quantas vozes disputam nossa atenção, nossa mente? Quantos quereres, quantos quefazeres? Somos seres contraditórios, feitos de escolhas quais dardos atirados no escuro de nossas especulações, de nossa perspectiva recortada. Seriam reflexos de múltiplos corpos, múltiplas famílias, múltiplos lugares, múltiplas posições sociais, múltiplas encarnações?
     O espiritismo versa muito sobre história, história de longuíssima duração, de inúmeros espaços. Um desafio hercúleo para qualquer pesquisador que ouse abraçar esse paradigma. O livro dos espíritos nos remete ao Evangelho: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos um lugar” [João 14, v. 2]. E o que seria a casa do Pai senão o próprio Universo, hoje imaginado por alguns como multiverso.
     Nossa humanidade habita um pequeno planeta rochoso chamado Terra; terceiro de um sistema solar, dentre bilhões de sistemas solares; periferia da Via Láctea, dentre bilhões de galáxias. Assim, Kardec indagou se teria Deus criado essa infinidade de planetas e estrelas, apenas para recrearem nossas vistas. Qual seria a resposta, considerando um Deus de Suprema Inteligência, Eterno e Todo Poderoso?
     Segundo os espíritos, somos seres migrantes por excelência, nossa pátria, o Universo. Existiria vida por toda parte, uma solidariedade interplanetária. O passaporte para os diferentes mundos seria facultado, de acordo ao nosso grau de depuração, assim como do nível de perfeição do mundo almejado. Espíritos inferiores estariam interditados de habitar planetas superiores, por questões de harmonia universal. Contudo, essa interdição jamais seria eterna, dependendo sempre do desenvolvimento moral e intelectual, a fim de o “visto” ser concedido.
     Evidente que, para tudo isso ser possível, necessitaria incorporar o princípio reencarnacionista. De que outro modo essa depuração poderia ocorrer? Como solucionar problemas psicológicos graves e complexos, em apenas uma encarnação? Como ser capaz de amar profundamente a todos, incluindo atuais desafetos, em apenas 50 ou 100 anos? Amar como Jesus amou, ter a serenidade de um Mestre Zen, a inteligência de um Einstein, um Machado de Assis.
     Partindo do ponto que encarnamos inúmeras vezes em diversos mundos, depreende-se daí que, em essência, somos todos extraterrestres. Nenhum planeta em si é pátria de nenhum espírito. Por isso, um dos motivos das visitações dos UFOS é simplesmente nossa conexão intrínseca com eles. Espiritualmente, todos nós irmanados.
     Como já foi sinalizado em textos anteriores, os mundos passam por estágios evolutivos. Os espírito forneceram a seguinte classificação: mundos primitivos, mundos de provas e expiações, mundos de regeneração e mundos felizes. Nos primitivos, ocorrem os primeiros ensaios da vida, os instintos predominam, a animalidade impera; os de provas e expiações correspondem ao estágio da Terra, com hegemonia egoica; nos de regeneração, reinam espíritos bondosos, porém ainda imperfeitos; os felizes seriam os lares dos seres angélicos, o conto de fadas real, o paraíso por primazia. Quanto a nós, transitamos e transitaremos por todos esses estágios.
      Experiência, elemento necessário à evolução espiritual. Devido a isso, vivenciamos planetas distintos, posições sociais distintas, corpos distintos, gêneros distintos. “O espírito não possui sexo” afirmaram os desencarnados.
      O sexo é um caractere psicobiossocial, próprio do mundo material, enquanto plano dual, no entanto, essa dicotomia sexual permanece, em alguma medida no mundo espiritual, entre os espíritos imperfeitos. Em termos biológicos, físicos, o sexo atende aos imperativos da reprodução e conservação das espécies, por conta da perecibilidade dos corpos físicos. Já em termos espirituais, o sexo atende aos imperativos da experimentação, da ampliação dos conhecimentos, dos horizontes. Antes de tudo, o sexo corresponde a frequências energéticas mentais∕emocionais. Vivemos a dualidade sexual com o objetivo de superá-la, equilibrá-la. Feminino e Masculino, Yin e Yang, constituem dois polos vibratórios, igualmente importantes. A importância é dada na medida do equilíbrio∕desequilíbrio desses polos, pois tudo em Natureza tende ao equilíbrio, fato fundamental, em nossa caminhada evolutiva. Falando de outro modo, encarnamos corpos masculinos e femininos, guardando impressões psicológicas de ambos até alcançarmos a perfeita estabilidade da balança. Enquanto essa estabilidade não for alcançada, um dos polos dominará nossa personalidade. Quanto às cores e “raças”, bem, se espíritos não têm sexo, muito menos terão raças ou cores, aliás, sendo o períspirito um corpo extremamente “plástico”, pode o espírito (superior principalmente) apresentar-se com a cor e forma que desejar.

     Muitos opositores da reencarnação a consideraram uma doutrina profana por, supostamente, destruir os laços de família. Ora, ocorre justamente o oposto. A reencarnação amplia ao infinito os laços de família, de amizade. Condizente com as ideias de Jesus nas quais todos figuravam como irmãos, para além de laços sanguíneos. Porque os verdadeiros laços, fundados no amor e não no sangue, são espirituais. A reencarnação nos exorta a nos tornarmos uma grande família universal, confundindo hierarquias e preconceitos mundanos.

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