quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Ilumishima Ilumosaki



Olá galerinha Aliada e galerinha do Eixo e do desleixo,

      No dia 6 de agosto de 1945, ocorreu o coroamento das atrocidades iniciadas em 1939, talvez em 1914, ou, quem sabe, desde tempos imemoriais. A Guerra que encarnou a parte mais horrenda da noção de desrazão, pareceu devastar não somente territórios como o próprio ideário iluminista. O mesmo Iluminismo, o qual abrilhantou uma Europa setecentista, permeou revoluções, aflorou pensamentos liberais, democráticos e socialistas, terminou por explodir nos descaminhos dessa Guerra. O clímax do conhecimento científico aplicado da maneira mais baixa possível. Nesse ínterim, ordem e progresso foram duramente questionados, assim como os alardeados benefícios da tecnologia industrial.
    A teoria da relatividade geral (1915), que balançou os alicerces da Física, gradativamente, envolveu as ciências humanas, fosse alargando pontos de vista, fosse flertando com o niilismo. Todo o progresso relativizava-se e, para muitos, perdia o sentido. O conceito de práxis utilizado por Paulo Freire parece ser bastante pertinente nesse caso. A experiência reflete o pensamento humano, assim como este reflete a experiência. Ainda que muitas teorias sejam formuladas no interior alienante dos gabinetes, bibliotecas ou escritórios, as experiências cotidianas não deixam de testá-las, contestá-las, revisá-las ou subvertê-las. Nesse caso, a experiência traumática da Segunda Guerra, seguida de perto pela ferida ainda aberta da Primeira, promoveu a ascensão de ideias que consolidariam os pós-modernismos, no final do século XX.

      A crença na razão, na ciência como depositária da verdade e do progresso, advindo de ambas, foi seriamente afetada a partir desses anos beligerantes, recheados de insanidade, justamente, quando a ciência foi apropriada pelas nações imperialistas a fim de alcançar seus objetivos torpes. Mesmo assim, o Iluminismo continua a destilar-se nos nossos dias. Os cacos de seu pensamento universalista ainda possuem a chance de brilhar, caso aqueles que os recolham estejam dispostos à flexibilização. Afinal, intransigências de tipo positivista não cabem mais a essa humanidade pós-Guerra, pós-século XX, para a qual a ciência reserva um futuro tão extraordinário quanto incerto.


Espero que tenham curtido e até o próximo post!

Abraços!

Um comentário:

  1. Nessa postagem recordo minha professora goiana maravilhosa (Laura de Oliveira): "os universais da ilustração partidos em mil pedaços!"

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